Você sabia que o Brasil atualizou as diretrizes para a prevenção do câncer de colo do útero? O Ministério da Saúde implementou recentemente um novo protocolo que substitui a tradicional coleta anual do exame preventivo por uma abordagem mais moderna e eficaz, baseada na detecção do HPV — o vírus causador da maioria dos casos da doença.

Essa mudança tem como base o que há de mais atual em evidência científica, mas é importante compreender que, mesmo com essa novidade, as visitas anuais ao ginecologista continuam sendo fundamentais para a saúde da mulher.

Vamos conversar melhor sobre isso?

O que é o novo protocolo?

Antes, o exame mais comum para rastreio do câncer de colo do útero era a citologia oncótica, o famoso “preventivo” ou “Papanicolau”, que detecta alterações nas células do colo do útero. 

Agora, o novo protocolo propõe:

  • O teste de DNA do HPV como método principal de rastreio para mulheres de 25 a 64 anos.

  • Se o teste for negativo, o intervalo para uma nova coleta pode ser de até 5 anos.

  • Mulheres que nunca fizeram o exame devem realizar o primeiro o quanto antes, a partir dos 25 anos.

  • A citologia tradicional passa a ser um exame complementar, indicado principalmente em casos com resultado positivo para HPV.

Essa nova abordagem permite identificar infecções pelo HPV antes mesmo de causarem alterações celulares, aumentando a chance de prevenção efetiva e reduzindo o número de exames desnecessários.

Por que essa mudança é positiva?

O teste de HPV tem maior sensibilidade para detectar riscos reais de câncer. Isso significa que conseguimos identificar com mais precisão as mulheres que realmente precisam de acompanhamento ou tratamento.

Além disso, com a coleta a cada 5 anos (em casos negativos), evita-se a repetição de exames em mulheres com risco muito baixo — o que reduz ansiedade, desconforto e até mesmo procedimentos desnecessários.

Mas… e a consulta anual com o ginecologista?

Essa é a grande ponderação que quero fazer como médica ginecologista e como mulher.

Mesmo com a mudança na frequência da coleta do preventivo, as visitas ao ginecologista não devem ser espaçadas em 5 anos.

A consulta anual é o momento em que podemos:

  • Realizar o exame clínico das mamas;

  • Conversar sobre métodos contraceptivos;

  • Avaliar sintomas como dor pélvica, corrimentos, ciclos menstruais irregulares, alterações de libido ou secura vaginal;

  • Investigar infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), endometriose, ovário policístico, miomas, infecções urinárias, entre tantas outras condições;

  • Acompanhar a saúde emocional e mental da mulher — afinal, ginecologia também é escuta.

O ginecologista segue sendo o clínico da mulher, alguém que olha para você por inteiro, e não apenas para o colo do útero!

E os planos de saúde? Eles vão cobrir o teste de HPV?

Essa é uma questão prática e importante já que, hoje, ainda existem planos de saúde que não oferecem cobertura completa para esse exame ou o fazem com restrições.

É fundamental que essa discussão avance para que o acesso ao exame mais eficaz seja garantido para todas as mulheres, independentemente da condição financeira ou do tipo de plano de saúde.

Enquanto isso, muitos consultórios particulares — como o nosso — já oferecem o teste como uma opção segura, atualizada e disponível.